A apreensão toma conta de dezenas de famílias em Cubatão diante da possibilidade de encerramento do termo de parceria entre a Prefeitura e a Casa da Esperança “Dr. Leão de Moura”, entidade filantrópica que há 45 anos é referência no tratamento, reabilitação e inclusão social de pessoas com deficiência na Baixada Santista. O contrato atual termina em 3 de dezembro, e até o momento não há qualquer confirmação de renovação.
De acordo com os responsáveis pelas crianças atendidas, a atual gestão municipal pretende encerrar o contrato e abrir um novo credenciamento de serviços, o que, na prática, resultaria na dispersão dos pacientes por diferentes locais da cidade. As famílias temem que a mudança comprometa a continuidade dos atendimentos e cause retrocesso emocional e clínico irreversível.
“Essas crianças precisam de vínculo, rotina e estabilidade. A Casa da Esperança é muito mais do que um local de tratamento — é uma segunda casa, onde cada criança é acolhida com carinho e acompanhada por profissionais que as conhecem profundamente”, afirma Gabriela Antunes, cabeleireira e mãe de uma das pacientes, que está à frente do movimento de mobilização das famílias.
Segundo ela, a comunidade busca o apoio da imprensa e das autoridades para evitar o desmonte do serviço. “Estamos lutando pelo direito dos nossos filhos. A Prefeitura quer encerrar um contrato que funciona perfeitamente e espalhar as crianças por locais sem estrutura e sem o acompanhamento que elas precisam. Não faz sentido substituir algo que dá certo por uma promessa vaga”, critica Gabriela.
Além da incerteza sobre o futuro do atendimento, os familiares denunciam falta de diálogo com o poder público. De acordo com o grupo, a Prefeitura publicou um vídeo nas redes sociais afirmando que seria obrigatório realizar um novo chamamento público, mas, segundo eles, a prorrogação do contrato atual seria possível por decisão administrativa.
“O que mais nos revolta é ver informações enganosas sendo divulgadas e, quando tentamos questionar, nossos comentários são apagados. Estão tentando calar as famílias que mais precisam ser ouvidas”, afirma Gabriela, emocionada.
A Casa da Esperança de Cubatão “Dr. Leão de Moura” é uma instituição civil, sem fins lucrativos, fundada em 21 de março de 1980 por iniciativa de rotarianos da Baixada Santista. Surgiu da necessidade de oferecer atendimento especializado às pessoas com deficiência que, até então, precisavam se deslocar para Santos.
Atualmente, a instituição atende 475 crianças e adolescentes com diferentes tipos de deficiência, oferecendo gratuitamente atendimento médico, odontológico, fisioterápico, fonoaudiológico, psicológico, social e terapias ocupacionais, além de atividades esportivas, culturais, de lazer e programas de inclusão no mercado de trabalho.
Considerada centro de referência regional, a Casa da Esperança é reconhecida pelo trabalho técnico de excelência e pela humanização no atendimento. Para as famílias, perder esse espaço significaria um golpe profundo na reabilitação e no bem-estar das crianças.
“Queremos apenas que a voz das famílias seja respeitada. A Casa da Esperança não é apenas um prédio, é um símbolo de amor, cuidado e inclusão. Ela transforma vidas todos os dias e precisa continuar fazendo isso”, conclui Gabriela Antunes.
A reportagem segue acompanhando o caso e mantém o espaço aberto para manifestação da Prefeitura de Cubatão.
